sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Minha América!





Minha América!

Minha terra à vista,

Reino de paz,
se um homem só a conquista,
minha mina preciosa,
meu Império!

Feliz de quem penetre
o teu mistério!

Liberto-me
ficando teu escravo;
onde cai minha mão,
meu desejo gravo.

Nudez total!

Todo prazer provém
de um corpo
(como a alma sem corpo)

Sem vestes.

As jóias que a mulher ostenta
são como bolas de ouro de Atlanta:

Os olhos do tolo
que uma gema inflama
ilude-se com ela
e perde a dama.

Como encadernação vistosa,
feita
para iletrados,
a mulher se enfeita;

Mas ela é um livro místico
e somente

A alguns
(a qual tal graça se consente)

É dado lê-la.

Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira,
abre-Te:
Atira, sim,
o linho branco fora,
Nem penitência
nem decência agora.

Para ensinar-te
eu me desnudo antes:

A coberta de um homem
te é bastante



John Donne Tradução de: Augusto Campos


e é isso
moça de luas e estrelas
neste cerrar
de Dezembro
onde a chuva
lava a alma
e as folhas
levam
pedaços de sonhos
de contos de fadas

Mas ainda
é cedo...

2009

antoniOcarlOs

Dalto - Espelhos Dagua

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