domingo, 15 de julho de 2007

Modelo para armar

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"E não havia palavras,
porque não havia
pensamento possível
para essa força capaz
de transformar
pedaços de lembrança,
imagens isoladas e insignificantes,
num repentino bloco vertiginoso,
numa viva constelação
aniquilada pelo próprio ato
de mostrar-se,
uma contradição
que parecia oferecer
e negar ao mesmo tempo
o que Juan, bebendo
o segundo copo de Sylvaner,
contaria mais tarde
a Calac, a Tell, a Hélène,
quando os encontrasse
na mesa do Cluny
e que agora
lhe teria sido necessário
possuir de algum modo,


como se a tentativa
de gravar essa lembrança
já não provasse
que era inútil,
que ele estava jogando
pás cheias de sombra
contra a escuridão
e tua sombra me espera
atras de cada luz"




Instruções para chorar


(...)

Para chorar,
dirija a imaginação
para si mesmo,
e se isto resulta-lhe impossível
por haver contraído o hábito
de crer no mundo exterior,
pense em um pato
coberto de formigas
ou nesses golfos
do estreito de Magalhães
em que não entra ninguém, nunca.


Chegado o pranto,
se tapará com decoro o rosto
usando ambas as mãos
com a palma voltada para dentro.

As crianças chorarão
com a manga da camisa
contra a cara,
e de preferência
em um canto do quarto.

Duração média do pranto:
Três minutos.


Júlio Cortázar In:"Modelo Para Armar"






pois é dona moça
neste domingo
de céu azul
a lembrança de teu rosto
doura meus pensamentos
em poente


fico contente...?

dança comigo?
dança vai?

não é isso?

1/2 beijo

......aNTONIocARLos

JULHO
2°°7