quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
























...mas pode ficar tranqüila, minha poesia, pois nós voltaremos numa estrela guia, num clarão de lua quando serenar.

- Viagem Contigo -




Viajar?

Para viajar basta existir.

Vou de dia para dia,
como de estação para estação,
no comboio do meu corpo,
ou do meu destino,
debruçado sobre as ruas
e as praças, sobre os gestos
e os rostos,
sempre iguais
e sempre diferentes,
como, afinal,
as paisagens são.

Se imagino, vejo.

Que mais faço eu
se viajo?

Só a fraqueza extrema
da imaginação
justificaque se tenha
que deslocar
para sentir.

"Qualquer estrada,
esta mesma estrada
de Entepfuhl,
te levará
até ao fim do mundo".

Mas o fim do mundo,
desde que o mundo
se consumou
dando-lhe a volta,
é o mesmo Entepfuhl
de onde se partiu.

Na realidade,
o fim do mundo,
como o principio,
é o nosso conceito
do mundo.

É em nós
que as paisagens
tem paisagem.

Por isso,
se as imagino,
as crio; se as crio,
são;
se são,
vejo-as
como as outras.

Para que viajar?

Em Madrid,
em Berlim,
na Pérsia,
na China,
nos Pólos ambos,
onde estaria eu
senão em mim mesmo,
e no tipo e gênero
das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela.

As viagens são os viajantes.

O que vemos,
não é o que vemos,
senão o que somos.

~~~Fernando Pessoa

e é isso...
Moça Bonita
não voamos às vezes, porque somos Àguias com atitude de galinha...

Antonio Carlos

----------
Oh! tristeza me desculpe
Estou de malas prontas
Hoje a poesia
Veio ao meu encontro
Já raiou o dia
Vamos viajar.

Vamos indo de carona
Na garupa leve
Do vento macio
Que vem caminhando
Desde muito longe
Lá do fim do mar.

Vamos visitar a estrela
Da manhã raiada
Que pensei perdida,
Pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar.

Senta nessa nuvem clara,
Minha poesia,
Anda se prepara,
Traz uma cantiga
Vamos espalhando
Música no ar.

Olha quantas aves brancas,
Minha poesia
Dançam nossa valsa,
Pelo céu que o dia
Faz todo bordado
De raio de sol.

Oh! Poesia me ajude,
Vou colher avencas
Lírios, rosas, dálias
Pelos campos verdes
Que você batiza
De jardins do céu.

Mas pode ficar tranqüila,
Minha poesia,
Pois nós voltaremos
Numa estrela guia
Num clarão de lua
Quando serenar.

Ou talvez até quem sabe,
Nós só voltaremos
No cavalo baio
No alazão da noite
Cujo o nome é raio,
Raio de luar.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~