quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Começando pelo amor...




e uma música triste:



Começando pelo amor...



O amor essencialmente é união,
e naturalmente a busca:

para ali pesa,
para ali caminha,
e só ali pára.


Tudo são palavras de Platão,
e de Santo Agostinho.


Pois se a natureza do amor é unir,
como pode ser efeito do amor o apartar?

Assim é, quando o amor
não é extremado e excessivo.


As causas excessivamente intensas
produzem efeitos contrários.

A dor faz gritar;
mas se é excessiva,
faz emudecer:

a luz faz ver;
mas se é excessiva,
cega:

a alegria alenta e vivifica;
mas se é excessiva,
mata.

Assim o amor:
naturalmente une;
mas se é excessivo,
divide:


Fortis est ut mors dilectio:
o amor, diz Salomão,
é como a morte.

Como a morte, rei sábio?
Como a vida, dissera eu.

O amor é união de almas;
a morte é separação da alma:
pois se o efeito do amor é unir,
e o efeito da morte é separar,
como pode ser o amor
semelhante à morte?

O mesmo Salomão se explicou.

Não fala Salomão
de qualquer amor,
senão do amor forte?

Fortis est ut mors dilectio:
e o amor forte,
o amor intenso,
o amor excessivo,
produz efeitos contrários.

É união,
e produz apartamentos.

Sabe-se o amor atar,
e sabe-se desatar
como Sansão:
afetuoso, deixa-se atar;
forte, rompe as ataduras.

O amor sempre é amoroso;
mas umas vezes
é amoroso e unitivo,
outras vezes
amoroso e forte.

Enquanto amoroso e unitivo,
ajunta os extremos mais distantes:
enquanto amoroso e forte,
divide os extremos mais unidos.


Começando pelo amor - ANTONIO VIEIRA. Sermão do Mandato. Brasília: Editora Universidade de Brasília: São Paulo):

e é isso
sempre
não é?

hummmm


mesmo com a torre na quarta casa do cavalo
ainda estou em check-mate

neste xadrez da vida!


aNTONiocARLos
2oo9
Outubro ou NADA!

~~~~~~~~~~~~~~

"Você diz
que não me reconhece,
que não sou o mesmo
de ontem
e que tudo
o que eu faço e falo
não te satisfaz

Mas não percebe que
quando eu mudo
é porque
estou vivendo
cada segundo...

E você
como se fosse
uma eternidade a mais

Sou um móbile
solto no furacão...
qualquer calmaria
me dá...
solidão

Na última vez
que troquei meu nome
por um outro nome
que não lembro mais
tinha certeza
ninguém poderia
me encontrar

Mas que ironia
minha própria vida
me trouxe de volta
ao ponto de partida

Como se eu
nunca tivesse
saído de lá

Sou um móbile
solto no furacão
qualquer calmaria
me dá... solidão

Quando a âncora
do meu navio
encosta no fundo,
no chão
imediatamente se acende
o pavio e
detona-se
minha explosão

Que me ativa,
me lança pra longe
pra outros lugares,
pra novos presentes

Ninguém me sente...

Somente eu posso saber
o que me faz feliz

Sou um móbile
solto no furacão

Qualquer calmaria
me dá...
solidão...


Sinto muito
ou não...


música : Ernesto Cortazar - Just for You - Beethoven's Silence