sábado, 28 de novembro de 2009

Falando sério




















E só porque você pediu...

Claudia Leitte


E a canção original ...


Falando sério...




Falando sério
é bem melhor você parar com essas coisas
de olhar pra mim com olhos de promessas
depois sorrir como quem nada quer

Você não sabe
mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez
e tenho medo de fazer planos
de tentar e sofrer outra vez

Falando sério
eu não queria ter você por um programa
e apenas ser mais uma em sua cama
por uma noite apenas e nada mais

Falando sério
entre nós dois tinha que haver mais sentimento
não quero seu amor por um momento
e ter a vida inteira pra me arrepender


e é isso moça bonita
1/2 beijo pela vida inteira...

antoniOcarlos

SUAVE AMIGA





"E eu pensarei: Que bom nem é preciso respirar..."
Cecília Meireles




Não fui ao teu enterro,
Suave Amiga.

Os enterros,
eliminei-os de minha vida
para que possa
lembrar vivos
os meus mortos.

Quando os vejo morrer,
ou lhes velo os despojos,
ou os acompanho
em seu último
e inútil passeio,
eles se vão pouco a pouco
fazendo-se imparticipantes;
deixam-se frios e reservados
como hóspedes
de uma longuingua Marenbad.

Sim,
Suave Amiga,
muito esnobes
ficam os mortos
para meu gosto.

Prefiro pensá-los em viagem,
capazes de
inesperadamente surgir
em minha imaginação,
como sucediam
no meu tempo; vivos, itinerantes,
sempre partindo
e sempre de volta.

Porque, assim como eu,
todos os meus amigos
viajam muito.


Em algum lugar
andarás agora,
Suave Amiga,
algum Nepal,
a te moveres entre templos
levada pelo ímã
do teu olhar de prata.

Em algum lugar
estará acontecendo
o teu silêncio,
a tua sombra,
a tua dúvida.

Ora deves parar
em doce postura
para ouvir de algum velho monge
fórmulas mágicas
capazes de mobilizar o tempo,
dar voz às rosas,
transformar tudo em distância;
ora ensimesmar-te
diante de horizontes infinitos
até a evaporação
total da carne
feita bruma,
feita nuvem,
feita pólen lunar:

bruma, nuvem, pólen
habitados
por imensos olhos
verdilúcidos
a caminharem
para a grande treva fluida
esgarçada de véus brancos.

Suave Amiga,
que saudade antiga...

saudade de quando
entravas na sala
de mesas toscas, e,
à tua chegada,
nós nos iluminávamos;
e o teu olhar
fazia tudo verde,
mas não
verde- que-te-quero-verde:
verde-conta,
verde-cecília,
cristal verde .

Era Manuel Bandeira,
cujo beijo deves ainda
guardar na face fria;

era Ribeiro Couto,
que nunca mais
vai voltar de Belgrado

e era eu
nos meus vinte e oito anos,
investindo com lança do Silêncio
contra os cavaleiros do Som,
em combate cinematográfico desigual;

éramos nós, teus poetas,
e eras tu,
poeta nosso,
poeta-nuvem,
poeta-gaivota

a pescar
na névoa de teu mar
os peixes luminosos
dos teus versos.

Era outro dia,
era outra fábula.

de mesmo só havia
uma grande vontade de chorar.

Suave amiga,
que cantiga triste...


Que triste história
a não contar mais nunca,
essa do tempo que passa
do teu vulto avançando
na penumbra da sala
para logo se perder.

da luz de teu sorriso
e da calma dos teus olhos
sem paz...

Não importa
onde estejas agora,
nos caminhos do Sinai
tangendo estrelas,
ou a dormir num aquário
no fundo de um lago,
a graça de teu vulto
acompanha nossos passos.

À noite, em silêncio,
pensamos em ti,
ó poeta-pássaro,
e sentimos o roçagar
inaudível de tuas asas.

Um dia,
quando menos esperares,
estaremos a teu lado.

E eu sei que,
inclinando graciosamente
o corpo sobre o abismo,
vigiarás nossa escalada e,
no último lance,
nos darás a mão.

E tu serás para nós, teus poetas,
a adoravel cicerone
desse mundo sem som
onde hoje vagas
ao sabor da inexistência de tudo,
na imensa disponibilidade
de quem não tem onde ir.

E nós talvez possamos
escrever no grande quadro-negro
incolor do espaço,
como alunos aplicados,
as primeiras palavras
inexistentes
da poesia
que não foi.



Rio de Janeiro - Novembro de 1964
Vinicius de Moraes
Ode a Cecília Meirelles
(A grande paixão da vida de Mário Quintana)








é isso Suave amiga...é mesmo de arrepiar!

E como diz minha querida amiga Rosangela Reis de Cacoal - Rondônia...
"E quando insistimos em manter vivos certos sentimentos através de respiração artificial, não há espaço para nascer nada de novo."

Porque tem gente
que morre fisicamente
mas jamais deixarão de viver
em nossos corações
no entanto, outros
mesmo vivos
a gente tem que matar
para podermos continuar
a viver.

Abrir espaço em nossos armários
e gavetas, para que o NOVO
se instale...

Na dura realidade é aquela frase cínica :
"A FILA ANDA!"

e sempre existe uma luz do outro lado do rio....


antonioCarlos

PS - este texto foi compilado e enviado à mim, tempos atrás, de Salvador (linda!) por uma pessoa muito especial Mara Luz...entre uma derrubada de parede e outra, entre uma lixada de parede e outra, entre um acesso aos meus e-mails (com os cabelos cobertos de pó) e outros...
De coração Obrigado Mara Luz (e Lua)


1/2 beijo

Música : Jorge Drexler -Al otro lado del rio