AVENCAS
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FRAGMENTOS (XV)
Há nuvens nesta manhã
nuvens esgarçadas
nesta manhã morna
e de borrasca
que invade a minha nave
provocando desmaios
nas orquídeas
dispostas em fileiras
na varanda silente
e os antúrios pegam-nas
no colo, e nem sentem...
Neste dia ofuscado
pelas sombras mesquinhas ...
De nuvens decaídas
sobre o meu congelado
sol imóvel...
Sempre com o aluguel atrasado
Nesta manhã...
Adormecida e comprida,
penso na musa
que deixei na cama
assim que acordei.
Exatamente
no vazio de alma
que a noite acalentei.
Uma imagem
me vem a cabeça
do mar que lança
sua bruma salgada
e deixa o cheiro forte
dos sargaços
e leva na volta...
no balanço das suas ondas
minhas lembranças
em pedaços...
fragmentos
de cânticos...
sono...
noite interrompida
por deuses marinhos
inundados
em águas salinadas e
cristalinas
vertidas de olhos
embaçados
que inundam
o oceano deste naufrágo
sem vida.
Argonauta, onde estás?
Por que insistes nesta rota
neste navegar
a esmo,
nesta aventura onde
nem em sonhos vejo
a possibilidade de encontrar
a mim mesmo ?
Neste pesadelo
onde tudo se dilui
se transforma
petrifica
e volta...
Nesta água turva...
Onde nado
para o nada
toda a madrugada
e é isso
moça do sorriso
de avencas
e da voz
de algodão doce
......aNTONIocARLos
JULHO
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