quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Lágrimas quentes

Frase do dia: Quem segura o cabo da faca nunca sente a dor do corte





A música:



Lágrimas quentes



Lágrimas quentes
enchiam e caramelavam
seus verdes olhos
e escorriam
por sua face clara.

Mais uma vez
sua alma doía
insuportavelmente,
o peso das indecisões
rondando,
a vida
um emaranhado
sombrio,
novelo que não
consegue desenrolar.


Encolhido em si mesmo
observava o teto escuro
sob a penumbra
da luz fraca da luz de leitura.


Tentava dispersar
seus pensamentos,
desenhar
nas sombras opacas
um universo de cores
que lhe amenizasse
a desilusão
transformando
aquele momento
em mentira.


Desejou estar adormecido,
no estágio sonolento
entre a realidade
e o sonho,
quando o mundo
se perde em percepções
misturando-se
às névoas de imagens
criadas pelo inconsciente.


Mas ao invés disso,
sentia-se plenamente
abandonado
na verdade solitária
e agressiva das palavras
que ecoavam
por todo o aposento,
vindas do celular
que agora parecia
um objeto sem sentido
ao seu lado...

Ele detestava telefones...

Soava até engraçado
a forma como a distância
se fazia próxima,
dizimada pela tecnologia.

Num segundo
que se figurara eterno,
ele vira seu sonho acalentado
se despedaçar no chão
tal como um objeto de vidro
que se parte
sem deixar vestígios
do que tinha sido o todo.

Fora acusado
de estar cobrando coisas
que nunca lhe foram prometidas,
de expectativas forjadas
apenas em sua imaginação,
de ser um menino mimado
ou pior ainda
de não ter estado
na hora certa
no momento mais ERRADO...

Ela o magoou
e então perguntara
onde estava aquele homem doce
que ela conhecera...

Tinha sentido vontade de gritar,
mas limitou-se
a descompreensão incerta
do que estava acontecendo,
o chão se abrindo,
algum equívoco:

Aquela moça
não podia estar
falando sério!

Mas agora estava à mercê
de noites sem dormir
por conta de pensamentos
sem fundamento.

Por quanto tempo ainda
iria chorar?

Fazia muito tempo
desde a última vez,
mas de novo fora teimoso
e se entregara à esperança...

De novo entreviu possibilidades
no que já sabia impossível...

Sim, tinha um monte
de luzinhas vermelhas piscando

Outra vez se perdeu
na palavras ouvidas
nas palavras escritas
no brilho dos olhos de alguém
esquecendo
o que sua voz interior
não se cansava de dizer...

SIM!

Ia pagar o preço da esperança
mais uma vez...

E o meu erro
foi crer
que
estar ao seu lado
bastaria...

neste outubro
de 2oo9
onde mais uma vez
assisto a um filme
em que no final
a mocinha
foge com o bandido!




antoniOcarlos

música : Zizi Possi & Paralamas do Sucesso - Meu erro