ACQUA - A missão - I
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ACQUA????
Porque contraditoriamente sou fascinado pelo FOGO.
A ambigüidade do fogo com o poder de destruir para que as coisas se regenerem.
Para que a Fênix renasça das cinzas.
Porque acredito que todo final de alguma coisa, após um prelúdio de melancolia é o começo de outra. E é impossível construir o NOVO, sem que antes eliminemos todos os resquícios do velho.
Mas ao mesmo tempo sou amante da ÀGUA.
A fluidez da água.que dissolve elementos, e em que a tudo se mistura, mas não se mistura a nada. Basta o calor, para proporcionar a evaporação da mistura.
O que sobra é ainda mistura, o que sai é pura água, ilesa, cristalina como antes.
Talvez por isso ACQUA.
Eu, menino que viveu a infância, em casa com quintal, horta, goiabeira, pé de limão, galos, galinhas e pintinhos, pimenteiras, cachorros, papagaios, ninhos de beija-flor, tudo isso cercado de muros altos onde bastava uma idéia na cabeça e o engenho de moleque pra saltar de guarda-chuva-paraquedas pra liberdade do outro lado e telhado para correr e soltar pipas, dando toda linha pros sonhos chegarem no horizonte. Fui obrigado a me contentar com apartamentos, antes com visão para uma serra magnífica, hoje com vista pra solidão.
Queria muito ainda, morar e viver nos sonhos de altura e de sussurros, mas creio que não sei bem como fazer...Nem para este sonho não acabar, nem para fazer deste sonho meu, o sonho de alguém, e com a soma de dois 1/2 sonhos, se perceber UNO.
Porque este homem hoje tem, apenas a lua como ouvinte fiel e o céu noturno estrelado como mágica bola de cristal onde toda noite tenta ver um futuro na transmutação de solidão em desejo e desejos em pedidos e pedidos em companhia...
Mas a noite é longa e o barulho do silencio de alma e vazio de afeto, sempre acabam fazendo eco dentro do travesseiro...
Gosto do vento, de alta velocidade, janelas abertas, música tocando alto e a sensação de liberdade que o vento me invoca.
Gosto de montanha, o frio, as roupas pesadas, o ar, o chocolate quente em canecas de cerâmica (ajudando a esquentar as mãos). Lá tem as flores que só sobrevivem em lugares mais secos, frios e rudes. Gosto delas porque me lembram a vida de algumas pessoas que conseguem florir apesar de todas as adversidades.
Gosto também do mar, o mistério, o grande segredo dos oceanos...
Gosto do silencio, de um lugar também distante. Um templo dedicado à natureza. O mar azul, contrastando com a luminosidade branca de areias de praias desertas, margeadas pelo verde das matas, o cheiro bom de um ar de maresia e ozônio, o pisca-pisca alucinado das luzes nas ondas mansas, onde os sacerdotes são golfinhos, que vem a teus pés, para consagrar a tua união com o divino...E o silêncio...Vindo.
Gosto muito do silêncio, da lonjura, do horizonte para onde voam meus pensamentos e do infinito, onde eles gostam de fazer ninhos.
Aguarde...
Esta estória continua, tem grandes lances mágicos, tem extremas e dolorosas perdas, tem também, como não poderia deixar de ser, unicórnios pastando em campos onde o horizonte, serve pra fazer lonjura, e na varanda que dá vista para o mar, há sempre uma rede balançando, a espera de duas pessoas, uma procura, dois encontros, e que nela queiram se deitar e entre abraços, caricias e beijos, ouvir e contar histórias de príncipes e princesas, de anjos e algozes, enquanto acompanham ao longe, o vôo livre dos albatrozes...
É isso moça bonita!
½ beijo
Antonio Carlos.
:)
