quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

FRAGMENTOS
































-Você nunca vai encontrar um outro amor como eu, (Vai não!) -







Angústia...

Vestia-se toda manhã
com sua insegurança

e saia por aí,
a fazer geometrias

em fins de tarde,
com medo de virar vulto
e transbordar-se
para o esquecimento.


Por isso,
quando estava dispersa,
sem seus cálculos

má-temáticos,
em suas perspectivas,
com dois ou mais pontos
todos de FUGA...

Ela vivia a degolar pessoas

à la Vieira,
sabendo que o maior poder
do estado é
(além da peste,
da guerra
e da fome)

A inquisição.




Com isso ia vivendo
em seus precipícios,
sem princípios
como se toda a vida
fosse um domingo,
domingo sem fim
nem começo
dentro da sua ira
calculista,
protegendo um labor
des-graçado.

Engraçada
no seu viver
correndo atrás de grana
para comprar
não sei o quê
...


Como diria Rilke...
“comprar a possibilidade
de uma felicidade futura”



Em suma ela ia,
mal-amada.
ia pequenina,
ia luminosa
conversando anjos
que ninguém conversava
...
mas mesmo assim
ela ia
ela Hera
pHoderosa
...

E você foi...

Poucas vezes em vão
tentei deixar-te.

Seria um ato de coragem
e eu ainda guardo-me
para a epopéia
que jamais escreverei.

As pessoas costumam
temer a morte,
por isso praticam atos
que pensam eternizantes:
-têm filhos,
-escrevem livros,
-mas a moeda de ouro
do Tio Patinhas
não é minha.


Talvez por isso
esta insensatez
de você me dizer
que és feliz
sozinha
e que se dá
muito bem
contigo
e com o espelho...

Claro
que nestas horas
não consultas
o travesseiro.

Sei que
nestes dias sem você
passei horas inteiras literais,
sem você a vida me fatiga,
sonolenta.

Mas com você
vivo sem fôlego,
os odores alvos
se confundem,
entrelaço nos dedos:
estamos unidos
húmidos.


Não deixaria
de deixar-te
por temer a morte
ou por enfrentá-la.

Não te deixo
porque não desejo
não te desejar.

Mas desejo tanto
não necessitar de nada
que te odeio.

....

Nessas horas,
penso até na publicidade.

Quanto dela fez
que eu vivesse minha vida
assim ou assado:


Cena 1-

A lingerie
espalhada
pelo chão,
a caixinha branca
e vermelha,
como pernas abertas
de uma mulher
que nunca possuirei
e as letras garrafais
que piscam
freneticamente,
chamando.

Corta !

Sem dúvida,
és um dos grandes ícones
do século XXI
aquele que eu mesmo
idealizei...

Porque o eras antes
muito antes
de o ser...

(Mas minha garganta
arranha cada vez mais seca
a cada trago.)

E no fundo do copo
meu olho gigantesco
me olha,
o terrível
de cada acaso,
onde o ocaso
rodoava,
nave,
fragmento:
-Lixava em mim,
pigmento,
em Si
ou Dó?
...

e sem Dó

é isso
moça bonita

já-neiro
2oo9

aNTONIocARLos

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