sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

As ruas sempre vão ficar

- pra rua me levar -






























As ruas sempre vão ficar...

As ruas sempre vão ficar
no mesmo lugar

Isso faz meus dias
sempre iguais
a imagem na janela
é sempre a mesma

Impossível viver dessa maneira
na terra,
esperando as lágrimas
correrem de novo...

As ondas nunca vão ficar
no mesmo lugar

Tudo que eu posso ouvir
é a minha própria voz


O mar refugia
horizontes vazios
e neles passaria
a vida inteira


Esperando
as luzes do porto
e desejando
o que mais odeio.


Yukio Mishima

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Viver consiste em morrer.

Em se estar preparado para a morte.
Para morrer como um homem.
Um homem se reconhece de dar sua vida.
Não apenas numa batalha,
mas em tudo aquilo que faz.

Não apenas na morte
- que, para um guerreiro, sobretudo,
pode ser o ponto mais alto
ou mais baixo de sua vida
- mas a cada instante e ato
de sua vida."

HagakureTodo samurai tem de estar pronto.
Pronto para o embate,
pronto para a morte,
ainda que venha pelas próprias mãos.
Praticar o seppuku,
dar-se à própria morte,
era privilégio do samurai.
Ele tinha o direito de usá-lo
para se desagravar de uma injustiça,
para manter sua honra,
ou simplesmente para sugerir
o caminho correto ao seu superior.
Havia um minucioso ritual
para tais ocasiões solenes,
mas em situações de emergência
o samurai utilizava a própria wakizashi,
a espada curta de que também se servia
para decapitar os que vencera
ou justiçara com a katana
a espada longa.

O uso desse par de espadas (dai-sho)
era, igualmente, privilégio restrito ao samurai.


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Foi assim que no dia 25 de novembro de 1970,
Yukio Mishima pôs fim a própria vida,
num longo e doloroso ritual, o seppuku.
Quando um guerreiro queria se livrar
de uma grande desonra
ou demonstrar lealdade,
ele sentava-se em posição de lótus no tatame e,
com sua espada, furava a barriga,
abrindo o corte de um lado ao outro
em um único movimento horizontal
até o outro lado.

Mesmo durando horas, o sofrimento até a morte
deveria ser suportado em silêncio pelo guerreiro,
que agonizava em frente à família.

Ao final, sua cabeça decepada era entregue aos parentes.

Este ritual foi realizado diante da tropa
das Forças Armadas em Tóquio,
antes, Mishima leu para os soldados
uma declaração em que denunciava a decadência
dos códigos de honra mais tradicionais do país,
bem como a ocidentalização
a que o Japão se submetia.

Após inflamado discurso,
rumou até o gabinete do comandante
e lá rasgou o ventre com a espada.

Mishima, escritor japonês,
nome indispensável da literatura universal
escolheu morrer do modo que viveu.

Masoquista e homossexual,
atormentado e genial,
mas sobretudo contraditório.

Intelectual,
ele era também
um militarista de direita
que mantinha
seu próprio exército particular.

Um nacionalista que queria restaurar
o poder do Imperador,
e era obcecado contra a cultura ocidental
e ofendia seu próprio povo
adotando a imagem de uma celebridade
no estilo ocidental.

Sua morte diz muito sobre sua vida e obra.

Tudo em Mishima era extremo,
carregado de tintas fortes.

Seus romances repletos de personagens densos,
apaixonantes, repugnantes.


Lírico e irônico,
nada em Mishima
passava desapercebido.

A batalha é constante.


Seus conflitos,
sua personalidade conturbada,
a opção sexual, tudo é luta e desafio
e nada passa impune, nem mesmo o leitor
ao final de um livro seu
será o mesmo.

E é essa marca, indelével
que faz a diferença
entre a genialidade
e a mediocridade...


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é isso
não é
moça
bonita?
agradeço até hoje
ter nascido em um lugar
onde havia um caldeirão de culturas imigrantes
e o que mais me encantou foi a cultura japonesa
desde pequeno, uma coisa muito louca
mas hoje cada sushi ou sashimi que eu como
tem a magia de me transportar
para toda a liturgia apreendida
com japoneses em minha infancia
e onde a honra
sempre ficava na estande mais alta da sala de cada casa

neste Dezembro
onde a lagarta finalmente
vira borboleta






torça por mim...
1/2 beijo
e um abraço sem fim











aNTONIocARLos
2008
:)
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