sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sentimentos Ininteligíveis...






"Recompôs-se, brusco.

Não, melhor não falar nada.


Admitia que não conseguisse
controlar seus pensamentos,
mas admitir que não conseguisse
controlar também o que dizia
lançava-o perigosamente próximo
daquela zona que alguns
haviam convencionado
chamar loucura.


E essa era a primeira vez
que se descobria assim,
tão perto dessas coisas
incompreensíveis
que sempre julgara
acontecerem aos outros


- àqueles outros
distanciados,
melancólicos e
enigmáticos,
que costumava chamar
de os sensíveis -,
jamais a ele.

Pois se sempre fora
tão objetivo.

Suportava apenas
as superfícies onde o ar
era plenamente respirável,
e principalmente
onde os sentidos todos
sentiam apenas
o que era corriqueiro e normal
sentir.

Subitamente pensava e sentia
e dizia coisas que nunca
tinham sido suas.

Então, admitiu o medo.

E admitindo o medo
permitia-se uma grande liberdade:


Sim, podia fazer qualquer coisa,
o próximo gesto
teria o medo dentro dele
e portanto seria
um gesto inseguro,
não precisava temer,
pois antes de fazê-lo
já se sabia temendo-o,
já se sabia perdendo-se
dentro dele -

Finalmente,
podia partir
para qualquer coisa,
porque
de qualquer maneira
estaria perdido
dentro dela".


Caio Fernando Abreu, in "O Ovo Apunhalado"

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Às vezes não sei com quem
me correspondo...

Minha mente fica confusa...

M
esmo que suas palavras,
quase sempre,
façam-me ver raios de luz,

através das águas não puras
que vertem
de sentimentos insipientes...
e perfumadas

de sentimentos ininteligíveis

Às vezes penso

que sei quem é você...
uma união de tudo, de todas...

E, sobretudo, percebo
todos os passos do plano...

Beijos moça bonita



aNTONIocARLos


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